bicudinho-do-brejo-paulista
Walmor Corrêa
“Bicudinho-do-brejo-paulista” é o nome de uma pequena ave descoberta apenas em 2004 e que vive próxima ao maior centro metropolitano da América do Sul: São Paulo; é, também, o nome do projeto que desenvolvi entre 2018-2019 e que alude a uma das questões centrais da contemporaneidade: os cruzamentos de fronteiras e o drama das migrações.
Partindo dessa pequena ave endêmica, comecei a pesquisar outras espécies similares, restritas a determinadas regiões do planeta. E então, muito impressionado com as imagens de milhares de pessoas que, fugindo das guerras e da fome, colocavam-se em caminhada ou em embarcações precárias, buscando uma vida melhor, comecei a pensar: e se essas aves também saíssem de seus habitats naturais? Se elas, nesse processo, encontrassem outras aves endêmicas, que também se permitiram ou foram obrigadas a migrar? A partir de perguntas como essas, eu imaginei os encontros e os hipotéticos cruzamentos dessas espécies, cujos filhotes encontrariam um lar no Brasil, com todos os direitos civis assegurados. Vejo em “Bicudinho-do-brejo-paulista”uma ode à diversidade, à mestiçagem, bem como à importância do reconhecimento social, algo que ja havia trabalhado poeticamente na obra “Sporophila beltoni”, desenvolvida entre 2015-2017.
bicudinho-do-brejo-paulista
Walmor Corrêa
“Bicudinho of the São Paulo swamps”is a small breed of bird first discovered in 2004, close to the largest metropolitan center in South America: São Paulo; it is also the name I gave to the project I developed between 2018-2019, alluding to one of the central issues of our times: the crossing of borders and the challenges of migration.
Beginning with this small endemic bird, I began researching similar species, across certain regions of the planet. And then, deeply moved by images of thousands of people fleeing wars and hunger, walking or in precarious boats, looking for a better life, I began to think: what if these birds also left their natural habitats? If they, in the process, found other endemic nirds, also allowed or forced to migrate? From questions like these, I imagined the encounters and hypothetical crossbreeds of these species, whose young would find a home in Brazil, with all civil rights guaranteed. I see in “Bicudinho of the São Paulo swamps” an ode to diversity, miscegenation and the importance of social recognition, something which appeared in the poetics of my existing word “Sorophila beltoni”, developed between 2015-2017.