Viagem às verdades inventadas de walmor corrêa
Maria de Fátima Costa
Ao ver a obra de Walmor Corrêa, o espectador é invadido tanto por uma sensação de acolhimento, como de estranheza. O artista, com um espetacular domínio técnico, põe-nos diante de seres que à primeira vista parecem próximos, mas que, ao aproximarmo-nos, vão se descontruindo, deixando ver o extraordinário.
É com essa anormalidade comum e desconcertante que Walmor parece fazer sua composição lúdica, como se de um jogo de escolhas se tratasse. O objetivo, como o de todo artista, é atingir o público. Há aqueles que passam diante das paredes e vitrines que exibem os desenhos e objetos criados por Walmor e acreditam ter visto o seu trabalho, porém não descortinam a magia contida na obra; mas há os que se deixam seduzir, que se aproximam e se deslumbram com o singular, contido no que lhe parecia tão usual. Estes são os seus interlocutores.
Ao se descobrir o mistério, algo de maravilhoso – próprio das mirabilias – rompe a barreira do tempo e se instaura. Há uma simbiose medieval-contemporânea. Finalmente, uma prova, um documento visual a atestar existência dos seres tidos como estranhos, híbridos e monstruosos, que a ciência quis e quer negar.
A JOURNEY INTO THE INVENTED TRUTHS OF WALMOR CORRÊA
Maria de Fátima Costa
Looking at the work of Walmor Corrêa, the spectator is overcome by a sense of both security and strangeness. The artist and his spectacular technical skill present us with creatures that at first sight seem familiar, but which as we move closer deconstruct themselves and become extraordinary.
This common and disconcerting abnormality seems to be what allows Walmor to create his playful arrangements, like some kind of pick-and-mix. The aim, like that of every artist, is to reach an audience. Some people walk past the walls and vitrines displaying Walmor’s drawings and objects and believe that they have seen his work, failing to unveil the magic inside it; but others allow themselves to be seduced, approaching it to be fascinated by the particular features contained in something that seemed so ordinary. That is how they communicate.
On discovering the mystery, something wonderful – a real mirable – breaks the barrier of time to establish itself in a kind of mediaeval-contemporary symbiosis. Finally, here is proof, a visual document to prove the existence of creatures considered strange, hybrid and monstrous, which science has always wished to deny.